sábado, 21 de julho de 2012

ela acorda


O olhar já saudoso vagueia pelo quarto rosa
Sobre a cômoda, o sorriso antigo emoldurado
Na parede ao lado, o espelho que revela e esconde
Enquanto isso, borboletas flutuam  na janela –
Lembranças do que foi, do que seria, do que não pôde

segunda-feira, 16 de julho de 2012

mudança

desfaço espaços na casa, aproveito brechas na mala
descarto bobagens, aliso roupas, dobro lembranças
         ............e me espalho em suspiros............

contra_tempo

A pele fraca e seca se esboroa
E voa ao vento.
Foi assim que me perdi de mim.

tranquil_idade

Rugas no pulso
Ontem, cinco
Hoje, bobagem

domingo, 15 de julho de 2012

Paulinho da Viola e a Lua

quando vem a madrugada
meu pensamento vagueia
corro os dedos na viola
contemplando a lua cheia

sexta-feira, 13 de julho de 2012

regresso



Não durmo... rememoro

O que não é, eu invento

Manhãzinha canso

E nessa esperança pelo avesso

Mergulho de vez, me perco

E afinal... adormeço.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

aniversário

A velhinha cansada
já não aguenta e
se senta

moira

Penetra pela fenda do postigo
Fareja  e se joga sobre a presa
Beija-lhe a face, a escuridão do umbigo
E cada partícula indefesa

Perde-se no transe, e ao desabrigo
Não percebe a mão que se levanta
E agonizando  no pescoço  liso
Deseja ainda a pálida garganta

sábado, 7 de julho de 2012

fugaz




Carros, carros... retenção.

Buzinas, suspiros impacientes

        – Biscoitos? – Não.

Frustração,  impotência, fúria

Ela já nem sabe o que sente



( motos gritam e passam céleres

cortam o vento, ganham  tempo

 no mar,  pranchas dançam

leves e livres, celebram)



Ela quisera voar, como motoqueiro ou surfista

Em sonhos, ri – logo retorna à mesma estrada

Carcereira e encarcerada... sempre ali.

de Mário Quintana


Qualquer ideia que te agrade,

Por isso mesmo... é tua.

O autor nada mais faz que vestir a verdade

Que dentro em ti se achava inteiramente nua.

PER-VERSO



Quanta rima perdida

no trabalho do poeta –

beco  sem saída

terça-feira, 3 de julho de 2012

plena luna


Nos cachos, embaraços; nas mãos, tensões
No vermelho da boca, o fogo insano.
Os braços aprisionam, as unhas magoam
Urgências, gritos contidos, desatino.

Os dois dançam.
Plena Luna espia a varanda do pecado
E goza também ela da paz que ele propicia.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

carma

Entre duas versões,  ele proferia  a falsa.
Sempre.
Um dia,
eu preferi outro.