sexta-feira, 29 de novembro de 2013

voyeur

Na varanda, o vento
E o vermelho céu-novembro

Nos veem_nus

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

viagem

a estrada negra me engole
me traga e me cospe avessa
zumbi veloz sigo em curvas
feitiço que desfaz nós

sábado, 9 de novembro de 2013

velha

Pronto, aconteceu: envelheci. Foi na noite passada. Fui perceber agora há pouco – e nem doeu.  As ruguinhas de repente mudaram de status. Não mais velhas conhecidas; agora velhas amigas. Foi boa minha conversa com elas.
Não estou dizendo que envelhecer seja bom, não. De fato, é muito ruim. É como a TPM – tensão, irritação, impotência... é o tempo quente, abafado, que antecipa a chuva. Até que o sangue desce. Aí tu te olhas no espelho e vês que já estás velha. E te aceitas velha. E te achas uma mulher incrível, linda, velha e forte. Isso, sim, é bom demais.

Para comemorar, fui ao salão e pintei meus cabelos de vermelho.

sábado, 26 de outubro de 2013

repouso


No corpo cru mãos macias,
ânsias de alisar alma
Gritos! sussurros... afinal se acalmam

inquietude

Dias assim enredam  meu peito.
Eu ando sem jeito pela casa
deixo portas abertas, espalho roupas
Desfaço impressões e as construo novamente.
Por onde vou, sensações me perseguem.


Mas as palavras tardam. 

sábado, 14 de setembro de 2013

sedução

Marquei encontro com teus olhos
na antiga esquina dos nossos amores
Sem demora me joguei nos teus braços
tão necessários ao meu conforto
Em meu peito, turbulência de céu claro
Em tuas mãos, gata enrodilhada,
me entreguei então, me deixei assim
como que nada. Mas como furacão
me explodi depois;  e me escorri como lava...

e te prendo aqui

sábado, 24 de agosto de 2013

carta para são pedro

Meu São Pedrinho
Faz tempo que não nos falamos, estou com saudades.
Eu estou ótima, meu fim de semana começou bem. De chatinho, é que ontem precisei ir ao salão. Não gosto de perder tempo em salão, tenho sempre a sensação de tempo perdido. Mas, como eu já não tenho 20, não posso abrir mão de certos artifícios. Afinal,  preciso me cuidar.
Pois fui, e agora estou aqui, toda bonitinha, pés sedosos, depil em dia, mãos hidratadas, esmaltezinho vermelho nas unhas, cabelos devidamente retocados...
Falando em cabelos, esse é o ponto. A cor está ótima, foi reativada pelo procedimento de ontem – 45 minutos com uma melequinha gelada na cabeça. Os cachos estão perfeitos, hidratados, modelados, definidos, macios – porque estou trancada em casa e com as janelas fechadas.  Mas amanhã é domingo e eu quero sair; quero ver gente, ter um dia agradável, descontraído, sem um nadinha de preocupação. Hás de convir que  eu fiz a minha parte. Agora é tua vez, meu santo. Que tal dares uma forcinha aí? É que os cabelos das mortais detestam umidade. E demonstram o desagrado de maneira inequívoca: chapinha ou cachos, arrepiam-se feito gato arisco. E lá se vai pelo esgoto o investimento na produção.
Então podes fechar a torneirinha? Até porque, sei lá, com essa água toda fico pensando no perigo de uma desidratação. Sabes como é, também já não tens 20...
Pensa com carinho – e te cuida.  Beijo da

Eliana

sábado, 10 de agosto de 2013

emergindo

Essa chuva mansa e constante me perturba, faz com que revolva meus subterrâneos na ânsia de completude. Entrega-me pá e picareta, e ordena: - Cave!  Eu remexo argila, removo a solidez das rochas, afasto cascalhos... Cavo mais e mais na esperança frágil de encontrar o Santo Graal. Enquanto isso, cordões de ouro enfeitam minha rua e eu não percebo. Meu olhar profano se perdeu em alguma esquina e, tão absorta no trabalho de desbravar minhas cavernas, esqueci que também sou ar, sou flor, leveza, e prazer.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

recorrência

rente ao muro me desfaço
entre seixos, reentrâncias
- murro e faca

sexta-feira, 26 de julho de 2013

enfim

m’escorreguei pelas frestas
e pelos vãos dos teus dedos
meu horizonte é rubi

terça-feira, 23 de julho de 2013

poeminha de_vagar


Todo meio-dia ele surgia na esquina
e vinha e vinha – devagar como convinha – ,
sandálias riscando a calçada.
Na boca, um gostinho de cocada branca.
Os olhos cheios de malícia doce
transbordavam carinho, prometiam carícias.
Chegava se achegando,
chegava murmurando para a moça da janela:
Você é minha, assim toda bem feitinha.
E mesmo que não fosse, porque não quisesse,
nada mais era preciso além de abrir os braços,

espaço exato pro aconchego dela.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

sonhando

(e proseando em verso com Álvaro de Campos)

meu sono é outro, Álvaro
teu sono mata, não quero isso; eu 'inda espero

quero ver a rapariga da janela e seu amante
ouvir todos os sons, as estridências
desassossego, alumbramento... muito riso

e também quero suspiro, paz candente
minha coxa descansando na mão dele
não quero o mundo dentro, sombra e segredo
antes quero o peito arfante dele

se é pra morrer, que me sufoque em ondas o desejo

consta

no princípio era o verbo -
e eu engoli verso por verso

até que enfim reflete em mim o verbo inverso

quarta-feira, 5 de junho de 2013

epitáfio

pactos, contratos insensatos
vida acordada é coisa chata

melhor é ter vida dormida

quarta-feira, 29 de maio de 2013

o rei do gatilho


Moreira da Silva, o Kid Morengueira (ou Moringueira), criador do samba-de-breque, deixou-nos este presente




terça-feira, 28 de maio de 2013

absolutoverso

explode
jeitoso e forte

nem sul sem norte

quarta-feira, 22 de maio de 2013

janelas


Longe o olhar se derrama
Infinitos delírios
Em vão(s)

domingo, 19 de maio de 2013

dia cinzento


fecha a janela
inventa encanto
- aquarela 

terça-feira, 14 de maio de 2013

seiva


Em cadeia natural
A delicadeza agradece
E a vida segue

sábado, 11 de maio de 2013

dia das mães - não gosto


Eu não gosto nada dessa comoção nacional pelo dia das mães, não gosto.
As mães e os pais amam seus filhos porque amam. Simples assim. Nossos filhos são um pedaço de nós; mais que isso, são a garantia de nossa perpetuação.  Assim, amando-os, estamos amando a nós mesmos. Fazemos tudo por eles, até em detrimento de nós (mais ou menos, porque o “nós” está muito mais lá, neles.) Não digo que seja uma coisa narcisista, que estejamos centrados no próprio umbigo. Digo que amar os filhos é natural. E ponto. Não vejo razão para enaltecerem os pais por amarem seus filhos.

domingo, 5 de maio de 2013

cilada


se vai ou  fica...
‘cê fica? desastre
se parte, saudade

quarta-feira, 1 de maio de 2013

rima cretina


dizem que trabalhar dignifica
eu digo: trabalhar significa
que não sou rica

domingo, 28 de abril de 2013

domingo


são tantos pontos perfeitos
céus, rios, encontros
provocações, risos frouxos
tudo cabe no meu peito

quarta-feira, 17 de abril de 2013

trívioletra: mudança


M uda da muda se_mente // vê no horizonte // frondosa árvore (4)
U nha encravada // incomoda. Correndo // vai-se mais longe (5)
D e meu, só o suspiro // sigo adiante // caminho e caminhante (3)
A perto mudo. // A dor aguda anda certo // - com pé torto (6)
N a estrada, malas, caminhão e cusco// tudo muda// que cheguem bem! (2)
Ç oisa estranha // desconforto // peso morto (1)
A gora é brisa. // Sorriso (frouxo) // de Mona Lisa. (7)

B risa do mundo // pé de jequitibá // - perdizes e raízes. (8)
A água brilha na roda // respinga-se-molda // ou transborda (9)

Eliana Da Pieve (TE), 1, 3, 5, 7, 9
Marco Bastos 2, 4, 6, 8

sexta-feira, 12 de abril de 2013

o-kit-conquista

mel nos olhos
saboroso
céu da boca

...

o beijo que não te dei
tem gosto de céu
efeito estrelas
o beijo que te darei

miragem

teus beijos
arpejos
em mi sustenido

lou_cura

invento caso
e o verso doido
submerge no ar

sábado, 6 de abril de 2013

miscelânea


Incrível, mas não falha: toda vez que tenho um serviço chato pra fazer, mas daqueles bem cabeludos, fico grávida de ideias. São versos, frases, textos inteiros que me acometem. Agora, mesmo, estou com uma mudança pra providenciar, mas um poeminha me cutuca a cabeça desde manhã. Também tem duas cenas que presenciei há pouco, que não posso deixar escapar. O jeito é empurrar a tarefa azeda pra mais tarde, sentar-me diante desta tela azul e malhar os dedinhos.

História 1:
Supermercado lotadaço, como convém a um sábado de manhã. Mas, como não sou mulher muito grande, sou ágil e costumo fazer poucas compras, levo vantagem. Escolho um carrinho dos pequenos e saio driblando o povo, tudo com muito jeito, com licença, por favor... e logo estou com tudo resolvido. Passo seguinte: a fila. Aí não tem jeito, é preciso paciência. Eu me preparo psicologicamente e encaro numa boa. Mas hoje foi difícil. Na minha frente, uma moça de vinte e poucos anos. Com uma filha que não tinha mais de seis aninhos. Muito falantes, as duas. Cada uma consigo mesma, claro, que diálogo ali seria pedir demais.
Até que a menina gritou para a mãe: Mamãe, eu quero salgadinho. Precisou gritar três vezes, até a mãe atendê-la: Pois vá, vá, menina, que não vai me deixar em paz mesmo! Ô menina essa, meu Deus!
E lá se foi a criança sob meu olhar aflito, rabo de cavalo rebolante, para o meio do povo. E nunca mais voltou. Eu já estava cogitando a possibilidade de abandonar a fila e sair atrás da pequena. A mãe, nem tchuns. Até que ficou pronta. Então lembrou-se da filha e começou a gritar histericamente: Quéli! (ou Kely, não sei). Ô meninha, onde tu te meteu, sua maluca! Eu não disse que tenho pressa? Ô menina essa pra sê lesa, meu pai!
O desfecho da história não sei.  A mulher saiu com o carrinho de compras, quero crer que para procurar a filhinha. Eu fiquei no caixa, ocupada com minhas compras. Ocorreu-me: tanta mulher por aí transbordando amor  materno que não consegue ser mãe...

História 2:
Chegando em casa, ao  retirar as compras do carro, atrapalho-me com duas jovens senhoras que passeiam pela calçada em frente ao prédio. As duas muito bonitas, amáveis, perfumadas. Uma delas com um cachorrinho no colo, melosinha, fala com ele: Ah, bebê, fique quietinho, mamãe não quer que suje os pezinhos na lama. A amiga sorri e, debruçando-se sobre o carrinho que empurra, pergunta: Minha fofucha quer fazer pipi? Eu, cheia de sacolas nas mãos, enquanto espero que as duas me deem espaço, já ensaio aquele sorrisinho protocolar de quem olha pra uma criança. Até que o bebê responde. Com um latido.
Aí que não sei... Claro, nada contra os pets, as pet shops, os pet-pais, pet-vovós, e a todo carinho que se dedique aos animaizinhos de estimação e a todos os animais do universo (ufff!, acho que me expliquei bem). Nada disso, por favor. Mas não posso deixar de cruzar (sem duplo sentido!) as duas histórias. E há  coisas que me causam certa estranheza, não consigo evitar. Eu espero que Deus (aquele a quem a mãe da menina invocou) ou seja lá quem for que esteja mexendo os pauzinhos (como diz meu pai), espero que  saiba o que está fazendo.


O Poema:
Todo meio-dia ele surgia na esquina
e vinha e vinha -  devagar como convinha -,
sandálias riscando a calçada.
Na boca, um gostinho de cocada branca.
Os olhos cheios de malícia doce
transbordavam carinho, prometiam carícias.
Chegava se achegando,
chegava murmurando para a moça da janela:
Você é minha, assim toda bem feitinha.
E mesmo que não fosse, porque não quisesse,
nada mais era preciso além de abrir os braços,
espaço exato pro aconchego dela.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

conexões...


Em minha última viagem, conheci a Gruta do Lago Azul, em Bonito, MS. A gruta é linda, o lago mais lindo ainda (adoro essa rima de Luiz Tatit, sempre a roubo). O lago tem 90  metros de profundidade. O azul é tão azul que não sei explicar. E misterioso, quase hipnótico.
No entanto, quando vislumbrei o lago, minha primeira impressão não foi de êxtase .  Pelo contrário. Lembrei-me do meu avô, de quem sempre tive medo. Quando eu era criança, ele  olhava no fundo dos meus olhos e dizia com voz cavernosa: “Teus pais não sabem, mas eu sei! Eu sei tudo o que se passa aí dentro. As águas paradas são profundas!”
Eu ficava assustada, tentando descobrir qual o horrível pecado cometido, que ele sabia e ninguém mais – nem eu.
...pois morreu sem me contar.

domingo, 31 de março de 2013

meus pés



A parte do corpo pela qual tenho mais apreço são meus pés. Provavelmente tem a ver com autonomia, independência. Também remete a sustentáculo e força, mobilidade, agilidade, rapidez... Enfim, muitas outras associações poderia fazer.
O fato é que sou grata a eles, e por eles. Portanto, trato-os muito bem. Para correr e caminhar, apenas tênis de ótima qualidade; e depois do exercício uma massagenzinha cai bem. No inverno trato de aquecê-los; e no verão aproveito para deixá-los respirar. Calçados confortáveis sempre, imprescindível. Colocar os pés pra cima é tudo de bom, quem me conhece sabe o quanto aprecio isso. Também visitas regulares a minha podóloga predileta, muito capaz e delicada na medida. Além disso, hidratações diárias e esmaltezinho pra enfeitar.
Tudo muito bom, tudo muito bem, não fosse a vocação suicida do meu pé direito. Eu detesto violências, agressões. Mas meu pé direito é adepto. E fã incondicional de alguma luta em que seja ele, a arma. Assim, joga-se  com tudo contra pedras, raízes de árvores, pés de mesas, cantos de paredes. Hoje, a vítima foi um halter de dois quilos. Nem vou contar a vocês o tamanho e a cor do “seu-vizinho”. 

quinta-feira, 28 de março de 2013

eu vi


Doce delírio
Só na Bahia as Três Marias
Apontam para Sirius 

convite


Tenho asas largas e fortes
Vem meu amigo, sonhar comigo
Basta que abraces minha cintura
Esquece o cais, a âncora
Apaga da lembrança dores, saudades, vaticínios
Vem voar na mi'a cintura

domingo, 10 de março de 2013

sonho


A vida me acena
Do fundo de um abismo inverso
Acordo construindo catapultas 

domingo, 3 de março de 2013

CAMBALACHO


eu me faço
de luzes e de sombras
e entre elas me disfarço

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

para o bem ou para o mal


Insônia aguda é grave
Noite cega esclarece
Noite muda revela

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

admitindo


Quando me mudei para este apartamento, uma das primeiras providências foi comprar um kit de ferramentas. Acho coisa muito chique, toda mulher independente deve ter. Claro, nada muito grande, como convém. Uma chave inglesa (espero que seja compatível com os... as... necessidades brasileiras); uma chave de fenda ótima; uma outra chave que tem uma cruzinha na ponta, essa já usei; e uma outra chavinha, a mais bonitinha, que, sinceramente, não sei pra que serve. Martelo não comprei, que prezo muito meus dedos – e os ouvidos dos vizinhos. Alicate também não, mas já está na lista, me faz falta para, eventualmente, retirar a rolha do saca-rolhas.
Introdução feita, vamos aos fatos de hoje. Todo mundo sabe que aquela espécie de peneirinha do chuveiro precisa de uma limpeza vez por outra. Pois a minha ducha já estava espirrando água para todos os lados, coisa mais chata. Para lavar meu umbigo, precisava fechar os olhos. Hoje resolvi tomar uma atitude. Escada, chave de fenda, óculos na ponta do nariz, marchei para o banheiro. Foi difícil retirar a tal peneirinha, mas consegui. Estava, mesmo, cheia de pedrinhas, terrinhas, sei lá mais o quê. Fiz a higiene dela e, munida dos apetrechos todos, subi novamente na escada. Sensação boa, de poder. Comecei a parafusar a coisinha de volta. Quem diz? Meu banho, hoje, foi ducha escocesa – pra não dizer banho de cano. Meus dois irmãos na praia, meu cunhado viajou não sei pra onde.
Meninas, vamos combinar, tem horas que... ah, vocês sabem.

amanhecendo


Na parede do quarto, o sol faz linhas paralelas
Pela janela, o ruidoso atropelo
De homens e mulheres buscando a vida

Na cama, corpo abandonado, fantasias
Saudades do que não foi... e do que não seria

Então um susto – e um sopro
E o sol se faz, por linhas tortas, também aqui.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

consigo



Descumpro o traço
Desvio
Renasço em sopros

Em cada esquina me reinvento
E sigo

domingo, 3 de fevereiro de 2013

amor feinho


Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.

(Adélia Prado)

avesso


 Pode parecer promessa
 mas eu sinto que você é a pessoa
 mais parecida comigo
 que eu conheço
 só que do lado do avesso.

 Pode ser que seja engano
 bobagem ou ilusão
 de ter você na minha
 mas acho que com você eu me esqueço
 e em seguida eu aconteço.

 Por isso deixo aqui meu endereço
 se você me procurar
 eu apareço
 se você me encontrar
 te reconheço.

(ALICE RUIZ)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

queres saber? então


Eu ando indo
Caracol, borboleta
Beija-flor,  camaleão
Ora voo, ora me arrasto
Me escondo, vou e volto
Mas sigo

domingo, 27 de janeiro de 2013

indo


O caminho é sempre de ida, mesmo que de volta.

posconceito


Li no jornal ZH do último sábado (26/01) sobre o posconceito, primo-irmão do preconceito. Mas oposto. Este nasce da ignorância. Já o posconceito é baseado no estudo. O posconceituoso sai a campo em busca de respostas para suas questões. Lê, pesquisa, analisa e enfim constrói a sua tese. E se ancora nela firmemente, e nunca mais a questiona. Ocorre que o mundo muda, as perguntas mudam e as respostas, por consequência, acabam sendo outras. Mas o posconceituoso não percebe, tão arraigado está em suas convicções. Conheço tanta gente assim!...  Eu mesma, tantas vezes... Enfim, há que se ter cuidado, há que se ter muito cuidado.

sábado, 26 de janeiro de 2013

é bom também


cama grande de hotel
travesseiro solteiro
espaço a granel

domingo, 20 de janeiro de 2013

gentileza


Entre  a  aridez
e a exuberância,
a delicadeza 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

remanescências


cabeça oca
carente das vozes, dos risos altos
tilintar de copos

...tantos encontros
abraços, saudade atenuada, juras
pura energia

coração pleno